Como receber dinheiro na Argentina?

Viver em outro país é um tema que sempre suscita uma infinidade de temores, dúvidas e informações desencontradas ou incorretas. E quando a moeda adotada no país é diferente da moeda brasileira, essas dúvidas são ainda mais pertinentes.

Por isso, resolvemos simplificar o processo que, aqui na Argentina, tem algumas particularidades que, para quem acaba de chegar, pode parecer confuso. A Argentina passou, durante os últimos 10 anos, por um embarco econômico muito importante. Neste período, foi incentivado o desenvolvimento do mercado interno e a entrada de empresas e capital estrangeiro foi sobre-taxada.

Como o turismo e os negócios menos volumosos geram uma grande quantidade de investimento, para que não caíssem essas taxas, foi criada uma medida particular para as trocas monetárias. Essa medida é chamada de câmbio blue.

Em linhas gerais, esse é o câmbio não-oficial, que paga mais por moedas estrangeiras do que o câmbio oficial, mas que não é necessariamente ilegal. Porém, como não há uma regulação oficial, o valor do câmbio blue varia diariamente (as vezes, mais de uma vez por dia), de acordo com as altas e quedas do dólar no mercado financeiro e também de acordo com o lucro de quem trabalha com este negócio.

Por esta razão, todas as pessoas que vivem na Argentina têm sua casa-de- câmbio de confiança. Essas casas de câmbio fazem a troca monetária com valores próprios (sempre considerando a fórmula: variação do dólar + o lucro individual de cada uma) e, por isso, podem variar entre uma e outra. Este é um ponto.

O outro ponto que merece citação é o fato de que, devido a tantos anos de embargo econômico, os bancos NÃO se comunicam com suas sucursais fora da República da Argentina. Ou seja, ainda que o banco seja brasileiro (por exemplo, o Itaú), as agências argentinas não permitem nenhum tipo de transação entre contas com as contas brasileiras.

Por isso, abrir uma conta na Argentina é interessante somente se a ideia for não andar com um monte de dinheiro pela rua. Se a intenção for fazer transferências bancárias no Brasil para serem retiradas na Argentina, essa acaba não sendo uma opção viável. Para resolver esta questão, as casas de câmbio blue mantém contas em pessoa física ou jurídica em bancos brasileiros (como Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, etc) e aceitam que sejam feitos depósitos ou transferências em território brasileiro nestas contas, para que sejam retirados na Argentina, em pesos.

Funcionam assim: depois de escolhida a casa de câmbio, o estudante deve fazer contato com eles e pedir o número da sua conta no Brasil. Feito o depósito ou transferência, o comprovante deve ser encaminhado para a casa de câmbio e neste momento, deve-se avisar quem estará autorizado a retirar o dinheiro.

Assim que for comprovado o depósito, eles avisam seu horário de atendimento (normalmente trabalham em horário comercial e NÃO funcionam em finais de semana ou feriados) e a pessoa autorizada deve ir buscar o dinheiro na casa de câmbio.

Apesar de parecer estranho, há casas de câmbio que trabalham há muito tempo neste mercado e por isso, são confiáveis. Porém é imprescindível conhecer a procedência dessas casas.

Outra opção seria fazer transferências de dinheiro via Western Union. Este é um órgão americano que funciona como um correio e também um banco transnacional particular.

Funciona assim: no Brasil, é depositada a quantia específica em uma das sedes da Western Union. Neste momento é feito um cadastro e neste cadastro, é designada uma pessoa que possa retirar, onde quer que seja, esta quantia em moeda local. Com um ou dois dias, apresentando os documentos cadastrados, a pessoa pode retirar, em uma das sedes da Western Union, o valor em moeda local.

Este processo tem um custo calculado no valor da transação e, pelo fato de as vezes ser alto, nem sempre é o eleito pelos estudantes.
Esperamos que este artigo ajude a esclarecer algumas dúvidas deste processo.